Circula na internet um texto bem
famoso chamado "Namore um cara que
lê". Gosto bastante do texto, não apenas porque sou uma moça que lê,
mas porque o texto em si é bem espirituoso. Na minha percepção do mundo o
exercício da leitura é um dos critérios fundamentais para distinguir uma boa
pessoa; e se, ela superestima a leitura ela vira uma das minhas pessoas
favoritas. A literatura tem alguns moços que por amarem a amarem se tornam
amáveis. Eis os meus personagens - leitores favoritos:
1. DANIEL SEMPERE - A sombra do vento
"Cresci no meio dos livros,
fazendo amigos invisíveis em páginas que se desfaziam em pó
e cujo cheiro ainda converso nas mãos". (Carlos Ruiz Zafón)
Esse livro do Zafón é um xodó
eterno meu! Amo o Daniel, o garoto é apaixonado por livros, têm a sorte de
nascer e crescer dentro de uma livraria e ainda conhece um cemitério de livros
esquecidos. Entra numa aventura maravilhosa tudo pelo amor à leitura: o
resultado é que nos apaixonamos pelo Daniel (me identifico tanto com ele quando
ele só fecha o livro quando termina de ler depois de uma noite inteira em
claro!), temos uma aventura fantástica em busca do autor de um livro, temos
mais histórias dentro das histórias. Enfim, leiam, conheçam o Daniel.
2. KLAUS BAUDELAIRE - Desventuras em série
"Klaus tinha 13 anos e já leu mais livros que qualquer outro
garoto de sua idade"
(Lemony Snicket)
Klaus conheceu a desventura por
sete anos, assim como suas irmãs Violet e Sunny. Nas primeiras páginas do
primeiro livro da série maravilhosa do Snicket, os pais morrem, a casa pega
fogo e os três ficam sozinhos no mundo. Como se isso não bastasse os três são
perseguidos e vivem tantos sofrimentos nas mãos do Conde Olaf que tenciona
ficar com a imensa fortuna dos Baudelaire.
Mas a melhor coisa para mim na
série é que o autor apresenta as SUPER HABILIDADES dos Baudelaire: Sunny é
ótima para morder coisas (adoro isso, pois ela é um bebê ainda!), a Violet é
uma inventora muito inteligente, e o grande talento do Klaus: adora ler. Isso é
um super poder no livro!!!!!
Eles passam por mil enrascadas, mas
com a paixão por livros do Klaus, as engenhocas da Violet e as mordidas da
Sunny eles vencem. Os três livros são ótimos e o Klaus ganha nosso coração cada
vez que lembra de uma coisa que leu num livro.
3. TYRION LANNISTER - Crônicas de Gelo e Fogo
“- Porque você lê tanto?” – Jon
“- Olhe para mim e diga o que você vê.” – Tyrion
“- Isso é um truque?” – Jon
“- O que você vê é um anão. Se eu tivesse nascido um camponês, eles
poderiam ter me deixado na floresta para morrer. Infelizmente, eu nasci um
Lannister do Rochedo Casterly. Coisas são esperadas de mim. Meu pai foi a Mão
do Rei durante 20 anos.” – Tyrion
“- Até que seu irmão matou aquele Rei.” – Jon
“- Sim, até que meu irmão o matou. A vida é cheia dessas pequenas
ironias. Minha irmã se casou com o novo Rei e meu sobrinho repulsivo será Rei
depois dele. Eu devo fazer minha parte pela honra da minha casa, não concorda?
Mas como? Bem, meu irmão tem uma espada e eu tenho minha mente. E uma mente
precisa de livros como uma espada precisa de uma pedra de amolar. É por isso
que eu leio tanto, Jon Snow.”
(George Martin)
O George Martin criou esse
personagem para amarmos eternamente nessa série. O anão Tyrion, da Casa
Lannister, nascido no Rochedo de Casterly, também conhecido como ‘O Duende’.
Ele não é nem alto, mas é um dos personagens mais inteligentes que já conheci.
O Tyrion apesar da ironia solta e
da falsa aparência de boa vida têm sua própria dose de sofrimento. Sua mãe morreu dando a luz a ele, sua irmã e
seu pai o odeiam por isso. Como se esse exemplo de família carinhosa não fosse
o suficiente, quase todas as pessoas de Westeros e do além-mar parecem achá-lo
uma aberração. E apesar de tudo isso ele é um mestre no jogo dos tronos. Mas
para mim o que torna o Tyrion ( e o Sam também) personagens absurdamente
fantásticos é seu apreço pelos livros. E ele faz disso sua arma de
sobrevivência. Enquanto os demais Lannister confiam na própria beleza, astúcia,
crueldade, força e riqueza; o Tyrion se esconde nos livros, nas antigas
histórias e lá ele se fortalece. E suspeito que ainda vai ser o dono do trono
de ferro, ou pelo menos eu torço muito.
4. CHRIS MCCANDLESS (Alexander Supertramp) - Na natureza selvagem
"Ele me ajudou bastante", reconhece Burres. "Cuidava da
banca quando eu precisava sair, classificou todos os livros, fez muitas vendas.
Parecia se divertir realmente com aquilo. Alex era bom nos clássicos: Dickens,
H. G. Wells, Mark Twain, Jack London. London era o seu predileto. Tentava
convencer todo mundo a ler O Chamado da Floresta."
( John Krakauer)
Já falei da trajetória do Chris aqui.
Eu sou encantada por ele que foi uma pessoa absolutamente fantástica. Uma das
coisas que mais me chama atenção no Chris é o quanto os livros que ele
influenciaram o jeito dele de pensar a vida. Eu suspeito que de certa maneira
somos os livros que lemos, seja porque eles descrevem coisas nossas seja porque
ele nos influenciam a como proceder. Luci, outra passageira desse blog, é uma
eterna apaixonada pela senhorita Jane Austen, logo eu deduzo que ela é uma moça
romântica e acredita em the happy end.
O mesmo serve para outras pessoas, tenho amigos que são meio psicanalistas e de
cara se identificam com A insustentável leveza do ser de Kundera.
O Chris se identificou a tal ponto com os
livros que leu, que não se contentou em dividir os princípios éticos e
estéticos do Tostoi e do Thoreau, ele quis viver isolado na natureza como o
David em Walden e quis ir pro Alasca profundamente encantado pelas histórias do
Jack London. O resultado é: ou você acha o Chris um louco de pedra ou acha a
pessoa mais corajosa do mundo.
5. Charlie - As vantagens de ser invisível.
"Eu não tenho muito tempo porque meu professor de inglês avançado
me deu um livro pra ler e gosto de ler os livros duas vezes.
(...)
Terminei de ler O sol nasce para
todos. Agora é meu livro favorito, mas sempre acho que um livro é meu
favorito até eu ler outro.
(Sthephen Chbosky)
Charlie é uma pessoa triste e
feliz ao mesmo tempo e absolutamente linda de muitas maneiras. Como não gostar
desse rapaz invisível que fala tão bem de Beatles e nos obriga a ouvir
"Asleep". Ao longo de cada
capítulo o Charlie vai falando um pouco dos livros que está lendo e temos
alguns clássicos ma-ra-vi-lho-sos: O apanhador no campo de centeio, O sol nasce
para todos, Peter Pan, O grande Gatsby, Pé na estrada, O estrangeiro...!
É engraçado perceber que alguns
desses livros são colocados em momentos específicos da vida do Charlie e se
entrelaçam com a trama deles. É muito legal essa relação do personagens com os
clássicos e com a pessoa que o incentiva a ler bem. Enfim, o Charlie é outro
moço leitor apaixonante.
E pra você, quem são os
personagens leitores mais queridos?
Há-braços!